Novas tabelas de classificação de Pressão arterial Infantil...

Novas diretrizes de prática clínica pediátrica de pressão arterial (PA) foram lançadas em 2017 pela American Academy of Pediatrics (AAP). Essas diretrizes objetivaram estabelecer melhores intervalos de referência de PA para crianças e adolescentes com peso normal, excluindo crianças com sobrepeso ou obesas. As novas diretrizes também mudaram algumas das terminologias e definições de PA "normal" e "elevada" usadas nas diretrizes anterior. O termo "pré-hipertensão" não é mais usado.

Quantas crianças foram reclassificadas?

Usando dados da National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES), coletados de 1999 a 2014, um estudo recente objetivou descobrir como esses novos valores de referência podem alterar a proporção de crianças diagnosticadas com hipertensão arterial. Os dados incluíram mais de 15.000 crianças (com amostragem representativa de populações minoritárias) com uma idade média de 13,4 anos. Utilizando o critério NHANES, 35,9% das crianças da amostra estavam acima do peso, destas, 10,3% foram classificadas como obesas.
Usando as definições atualizadas da AAP, 5,8% da coorte teriam sido classificadas como "ascendentes", em termos de classificação da PA. Cerca de um terço dessas crianças foram reclassificadas de PA "normal" para PA elevada ou hipertensão de estágio 1. Aproximadamente metade desse grupo tinha "pré-hipertensão" sob a antiga designação, mas agora foi classificada como hipertensão de estágio 1. Apenas cerca de 5% dos classificados "ascendentes" passaram da fase 1 para a fase 2 da hipertensão.
As crianças reclassificadas tinham maior probabilidade de apresentar índice de massa corporal elevado, anormalidades lipídicas ou níveis de A1c anormais, representando uma população de alto risco que pode exigir uma avaliação mais completa do risco cardiovascular.
A estimativa populacional de pressão arterial elevada ou hipertensão aumentou de 11,8% para 14,2% com os novos valores de referência de pressão arterial.
William T. Basco, professor do Departamento de Pediatria da Universidade de Medicina da Carolina do Sul (MUSC), comentou a nova classificação de pressão arterial infantil na seção Viewpoints do Medscape Pediatrics e disse que o fato de que 14% da população infantil e adolescente dos EUA seria classificada como tendo pressão arterial elevada ou hipertensão é uma estatística surpreendente e deve nos levar a considerar com que precisão medimos, avaliamos e tratamos a PA anormal em crianças.
Há algumas notas de advertência. Primeiro, os dados da NHANES coletaram apenas uma única medida da PA, embora presumivelmente ela tenha sido feita de maneira apropriada. As diretrizes sugerem medir a PA duas ou três vezes na clínica, especialmente depois de a criança ficar quieta por 5 minutos. PAs subsequentes após a medida inicial em um ambiente clínico são frequentemente menores e a PA média deve ser usada.
Mesmo que a cifra de 14% seja superestimada, pois as crianças foram classificadas com base em uma única medida de PA, a proporção real de crianças com PA elevada ainda pode estar em torno de 10% - um número alto.
Uma revisão completa das diretrizes está além do escopo deste comentário, mas os profissionais devem se valer da sequência recomendada para modificação do estilo de vida, intervalos de acompanhamento, indicações de início de uso de medicação e de quando iniciar o tratamento mais intenso da hipertensão.

Até mais.

Fonte: NEWS.MED.BR, 2018. Quantas crianças realmente têm pressão alta? O que mudou com as novas tabelas de referência para classificação da pressão arterial infantil?. Disponível em: . Acesso em: 5 jun. 2018.

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