Esteatose Hepática em crianças...



O fígado gorduroso não alcoólico (NAFLD, sigla em inglês) consiste na causa mais frequente de doença hepática crônica em crianças e adolescentes, motivo pelo qual se mostra fundamental sua detecção e tratamento precoces para evitar a progressão para uma doença hepática terminal. 

Entre suas principais causas estão o sobrepeso e a obesidade, que constituem hoje uma verdadeira epidemia, como consequência de uma conduta essencialmente sedentária, com atividades físicas insuficientes e uma dieta hipercalórica desequilibrada. 

Devido a isto governos, associações internacionais, sociedades científicas, sociedades civis, organizações não governamentais e o setor privado têm um papel crucial na prevenção da obesidade e, portanto, da NAFLD, especialmente quanto às mudanças de estilo de vida e dieta. 

O estudo "Non-alcoholic fatty liver disease: a new epidemic in children" realizado pelas equipes de hepatologia do Hospital Alemão, da Sociedade Argentina de Pediatria e da Universidade de Montreal revisa o processo de desenvolvimento do fígado gorduroso e propõe uma mudança de perspectiva. 

O estudo menciona ainda as dificuldades para diagnosticar o fígado gorduroso uma vez que não se apresentam sintomas ou que alguns de seus sintomas sejam inespecíficos e, portanto, deva-se suspeitar em casos de sobrepeso ou obesidade. “a complexidade do processo multifatorial e a variedade dos achados histopatológicos da NAFLD dificultam os esforços para conceber uma intervenção terapêutica adequada”. 

A doença hepática gordurosa não alcoólica é considerada uma das causas mais frequentes de doença hepática em adultos e crianças, o que coincide com o aumento da prevalência de obesidade em ambas as populações no mundo. 

Trata-se de uma doença multifatorial que envolve um amplo espectro de afecções hepáticas, que vão desde a esteatose simples até a esteatohepatite caracterizada pelos achados histopatológicos de inflamação e fibrose. 

Sua patogenia e progressão seguem pouco compreendidas e o pleno conhecimento a seu respeito poderá contribuir para o desenvolvimento de testes diagnósticos não invasivos e novas técnicas terapêuticas. 

Ainda que as modificações de estilo de vida constituam o objetivo central do tratamento, e o desenvolvimento de novos agentes farmacológicos poderiam ser promissores para pacientes que não respondem a terapia de primeira linha. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade consiste em uma doença crônica complexa e multifatorial que se apresenta quando o consumo de alimentos calóricos supera o gasto energético durante um período suficientemente prolongado. Inicia-se, frequentemente, na infância ou na adolescência. 

O transtorno nutricional crônico é mais frequente em países desenvolvidos; sua prevalência global é de 16% em idades entre 6 e 12 anos. O aumento nas últimas décadas variou entre 2 e 4 vezes.

A prevalência da NAFLD é influenciada por vários fatores que se originam em uma interação genética e ambiental.

Existe uma forte relação com determinantes ambientais, particularmente no âmbito familiar, onde tem origem fatores que condicionam o balanço energético de crianças pequenas. Os pais desempenham um papel muito importante na etiologia da obesidade através: do estado socioeconômico, do nivel de educação, do trabalho de ambos, do sobrepeso, das relações intrafamiliares, da comunicação intrafamiliar, bem como da escolha dos alimentos e da prática de atividades físicas.

O sobrepeso e a obesidade constituem problemas generalizados mundialmente, especificamente na América Latina, sobretudo, na América do Norte e no Caribe, indicando que 23% dos adultos e 7% das crianças em idade pré-escolar encontram-se afetados pelo sobrepeso. Na América Latina, o México figura como a maior taxa de obesidade, que afeta a 32,8% dos adultos; na Venezuela, 30,8%; na Argentina, 29,4%; e no Chile, 29,1%. Em 2013, mais de 42 milhões de crianças menores de 5 anos apresentavam sobrepeso no mundo, dos quais mais de 80% vivia em países em desenvolvimento.

A causa do aumento da incidência da obesidade, entre 20% e 30% dos adultos e entre 3% e 10% das crianças, com uma relação masculino-feminina de 2:1 (em países ocidentais) que podem sofrer de NAFLD. Alcançam, aproximadamente, de 70% a 80% se considerarmos a população de crianças obesas.

Em um estudo realizado em São Diego (EUA), de 742 autopsias em uma população de 2 a 19 anos, entre 1993 e 2003, 9,6% apresentava NAFLD, aumentando para 38% em crianças obesas. Em relação com as etnias, foram observadas as seguintes porcentagens: hispânicos, 12%; asiáticos, 10,2%; anglo-saxões, 8,6%; e afro americanos, 1,5%.


Até mais.

Fonte: rima.org

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