Em resposta ao acúmulo de indícios, o Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos anunciou que a metformina, medicamento utilizado para tratar o diabetes, pode ser administrada com segurança para os pacientes com comprometimento renal leve e, em certos casos, moderado, após ter alertado contra a sua utilização durante anos. Isto significa que um medicamento genérico e (ou seja, barato) e eficaz contra o diabetes tipo 2 deve se tornar mais amplamente usado, visto que muitos pacientes com diabetes também apresentam algum grau de disfunção renal.
A metformina tinha sido previamente contraindicada para os pacientes com doença ou disfunção renal, definidas por níveis séricos de creatinina iguais ou maiores que 1,5 mg/dL para homens e 1,4 mg/dL para mulheres, ou alteração da depuração da creatinina.
Agora o FDA informa que, após a revisão de vários estudos, a entidade concluiu que essa contraindicação já não é necessária para alguns pacientes com comprometimento renal. A justificativa da contraindicação era que os pacientes com diminuição da função renal apresentam maior risco de acidose láctica, que é um raro efeito adverso da metformina.
Há tempos os endocrinologistas não gostavam de não poder prescrever metformina a seus pacientes com diabetes tipo 2, por causa da restrição do FDA. Havia a preocupação que o medicamento era subutilizado devido a essa restrição, que muitos consideravam sem fundamento.
De fato, as orientações de prescrição da metformina nos diferentes níveis de comprometimento renal variam em todo o mundo, e no início desse ano, a European Medicines Agency (Agência Europeia de Medicamentos) abordou essa questão, com o objetivo de harmonizar as informações sobre prescrição de metformina na Comunidade Europeia.
Solicitado a comentar esse anúncio do FDA, o Dr. Silvio Inzucchi, médico do Yale Diabetes Center, New Haven, Connecticut, disse para o Medscape Medical News: “Estou muito satisfeito que o FDA tenha decidido expandir o uso potencial da metformina a mais pacientes. Nas últimas duas décadas têm surgido indícios que as diretrizes anteriores eram demasiadamente restritivas no que diz respeito à função renal e, fundamentalmente, limitavam o acesso a esse medicamento genérico barato, importante e eficaz, para centenas de milhares de pacientes nos EUA".
O Dr. Inzucchi faz parte de um grupo liderado pela Dra. Kasia J. Lipska, também médica de Yale, que entregou um abaixo-assinado para o FDA pedindo pela mudança na bula da metformina.
"Nós mostramos ao FDA na nossa petição que embora a acidose láctica seja grave e um quadro potencialmente fatal, não é mais recorrente entre pacientes em uso de metformina do que em outros pacientes".
"Além disso, pesquisas revelaram altas taxas de uso da metformina na vida real por pacientes abaixo dos pontos de corte da função renal determinados pelo FDA quando a metformina foi aprovada em 1995", acrescentou o Dr. Inzucchi. "Apesar disso, não foi observado aumento dos casos de acidose láctica. Na verdade, quando um paciente tratado com metformina apresenta acidose láctica, isso quase sempre ocorre devido a algum outro evento, como um grave quadro hemodinâmico ou infeccioso. Portanto, a metformina provavelmente é 'uma mera figurante' nesses casos", disse ele.
Até mais.
Fonte: Medscape.com
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