Um estudo brasileiro publicado na revista "British Medical Journal" nesta quarta-feira (13) detalhou os tipos de problemas presentes no cérebro de bebês com microcefalia relacionada à zika. Este é o primeiro estudo que faz uma tentativa de distinguir as características cerebrais de bebês com microcefalia ligada à zika daquelas observadas em bebês com microcefalia devido a outras infecções.
A pesquisa concluiu que a microcefalia ligada à zika apresenta, em geral, danos cerebrais extremamente severos, com poucas chances de um bom desenvolvimento das funções neurológicas. Uma característica que parece ser específica da microcefalia por zika é a calcificação em uma região determinada: entre a substância branca cortical e subcortical do cérebro.
A hipótese dos autores é que o vírus da zika destrói células cerebrais e forma lesões parecidas com cicatrizes, onde há depósito de cálcio.
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores - vinculados à Faculdade Maurício de Nassau, AACD do Recife, Universidade de Pernambuco, Universidade Federal de Pernambuco e Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira - avaliaram 23 bebês com diagnóstico de microcefalia provavelmente associada ao vírus da zika.
As crianças nasceram em Pernambuco entre julho e dezembro de 2015. Desse grupo, 15 passaram por tomografia computadorizada, 7 passaram tanto por tomografia quanto por ressonância magnética e um passou apenas pela ressonância.
Apenas seis tiveram testes positivos para o anticorpo relacionado ao vírus da zika, mas exames descartaram outras possíveis causas de microcefalia como toxoplasmose, citomegalovirus, rubéola, sífilis e HIV.
Segundo os autores, o estudo apresenta a maior e mais detalhada série de achados de neuroimagem em crianças com microcefalia provavelmente ligada ao vírus da zika.
Entre os médicos que têm atendido pacientes com microcefalia desde que o número de casos começou a aumentar, já havia uma percepção de que esses casos de microcefalia eram distintos daqueles provocados por outros vírus, porém isso ainda não tinha sido descrito em uma publicação científica.
Até mais.
Fonte: G1.
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