Pelo menos 117 municípios brasileiros estão em situação de risco de epidemia de dengue em 2015 e 533 estão em alerta, aponta o LIRAa (Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes Aegypti), que aponta as regiões e municípios com maior risco de epidemia de dengue, divulgado nesta terça-feira (4) pelo Ministério da Saúde. No mesmo período do ano passado eram 157 municípios em risco de epidemia: queda de 25,5%.
As cidades classificadas em situação de alerta apresentam larvas do mosquito entre 1% e 3,9% das residências avaliadas, enquanto as que se enquadram em situação de risco registram índice superior a 3,9%, e situação satisfatória menor que 1%.
O diferencial do LiRAa este ano leva em conta o risco de epidemia da febre chikungunya, que também é transmitida pela picada dos mosquito Aedes Aegypti e Aedes albopictus infectados pelos vírus, com maior previsão de casos no período de chuvas.
Então, pelo menos dez capitais estão em alerta em relação as duas doenças: Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT), Vitória (ES), Maceió (AL), Natal (RN), Recife (PE), São Luís (MA), Aracaju (SE), Belém (PA) e Porto Velho (RO).
Até o fim de outubro, 824 casos da febre chikungunya já haviam sido confirmados pelo ministério no país. Destes, 330 casos no Oiapoque (AP), 371 em Feira de Santana (BA), 82 em Riachão do Jacuípe (BA), um em Matozinho (MG) e um em Campo Grande (MS) entre os casos não importados. O primeiro caso da febre no Brasil foi notificado em setembro deste ano.
Entre os casos da dengue, 1,4 milhão foram notificados em 2013. Em 2014, o número de casos foi menor, 560 mil, uma redução de 61%. No último ano houve uma redução de 41% das mortes por dengue no Brasil, segundo o ministério.
Perigo aumentou
O levantamento divulgado é parcial, já que alguns municípios ainda não passaram informações da vigilância ao ministério. Segundo dados desta terça, dos 1.463 municípios apontados, 813, está em situação satisfatória em relação a um risco de epidemia.
O LiRAa tem o objetivo de realizar uma mobilização da população com mutirões de limpeza, já que o acúmulo de lixo e de água em casa são os principais criadouros das larvas do mosquito. Nesta quinta-feira (6), o ministério vai fazer mutirões de limpeza de áreas mapeadas pelo levantamento.
"Não podemos abrir mão desta tarefa de fazer o controle do mosquito. [...] Não podemos desconsiderar que temos agora um duplo risco com a febre chikungunya. [...] O perigo aumentou. E a responsabilidade é de todos também", disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro.
"80% dos focos de mosquito estão dentro de domicílios. Por isso a mobilização de todos é muito importante. O nome da doença é diferente, mas a prevenção é conhecida. O que temos que fazer para prevenir a chikungunya é o mesmo que fazemos para prevenir a dengue", disse Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde.
NE tem mais cidades em risco
Segundo o levantamento, o Nordeste concentra maior número de municípios em situação de risco para ambos os problemas: 96 (354 em alerta e 277 em condição satisfatória). Na região, dos 727 municípios avaliados no LIRAa, quase 80% dos locais onde foram encontradas larvas do mosquito eram depósitos de água.
Na região Norte, 17 cidades estão em situação de risco e as larvas do mosquito foram encontradas, em sua maioria, no lixo das casas. Entre as 124 avaliadas, 52 estão em alerta e 55 em situação considerada satisfatória.
No Sudeste, dos 426 municípios avaliados, 335 estão em condição satisfatória, 91 em alerta e somente um município (Governador Valadares, em Minas Gerais) em risco. As larvas foram encontradas principalmente em depósitos domésticos, como calhas entupidas, potes para cães e gatos e em suporte de vasos de plantas.
No Centro-Oeste, dos 134 municípios listados pelo levantamento, 113 estão em situação satisfatória, 20 em alerta e um em risco (Aracutanga, em Mato Grosso); e na região Sul, dos 52 municípios avaliados, 33 estão em situação satisfatória, 17 em alerta e dois em risco-- Iretama e Matelândia, ambos no Paraná-- a maioria por problemas no armazenamento de água.
Onze das capitais estão em situação satisfatória: Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Goiânia (GO), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Macapá (AM), Teresina (PI) e João Pessoa (PB).
Seis capitais ainda não apresentaram os resultados do LIRAa: Boa Vista (RR), Manaus (AM), Palmas (TO), Rio Branco (AC), Fortaleza (CE) e Salvador (BA).
Armazenamento de água no Sudeste
O ministério pede para que o armazenamento de água em cidades do sudeste, devido à crise hídrica, seja feito de forma cuidadosa, evitando o risco do crescimento de larvas do mosquito.
"Pessoas que estão fazendo armazenamento de água, caso principalmente da região sudeste, devem aumentar o cuidado", disse Chioro.
De acordo com a OMS, até 2004 o vírus havia sido identificado em 19 países. Porém, a partir do final de 2013, foi registrada transmissão autóctone em vários países do Caribe, em março de 2014, na República Dominicana e Haiti, sendo que, até então, só África e Ásia tinham circulação do vírus. O primeiro caso registrado no Brasil foi em setembro deste ano.
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