A Sm14, primeira vacina anti-helmíntica do mundo, acaba de se mostrar eficaz e segura contra a esquistossomose, doença
parasitária que afeta 200 milhões de pessoas no mundo. A vacina também protege
contra a fasciolose, verminose que
afeta o gado, e poderá ser usada como base para o desenvolvimento de imunizantes para outras
doenças humanas causadas por helmintos.
Baseada no antígeno Sm14,
desenvolvida e patenteada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), a vacina coloca o nome do
Brasil na fronteira da ciência mundial, como a primeira vacina para helmintos. Foram mais de
30 anos de pesquisa no IOC, liderados por Miriam Tendler. O anúncio foi feito na
manhã de hoje (12/06), em Manguinhos, em uma coletiva de imprensa que contou com
a participação da diretora do IOC, Tania Araújo-Jorge; do presidente da Fiocruz,
Paulo Gadelha; da pesquisadora responsável, Miriam Tendler e do superintendente
de Produtos Biológicos da Ourofino Agronegócios, Carlos Henrique Henrique.
Esta é a primeira vez em que são realizados no Brasil testes clínicos de fase
1 para uma vacina, uma vez que os
testes com pacientes, por regras internacionais, devem obrigatoriamente ser
realizados no país de origem da tecnologia.
Assim como em outras vacinas, o imunizante nacional foi produzido a partir de um antígeno - substância que
estimula a produção de anticorpos -
para preparar o sistema imunológico do ser humano à infecção pelo parasita, impedindo que
ele se instale no organismo ou que lhe cause danos. Neste caso, é utilizada a
proteína Sm14, obtida do Schistosoma mansoni, verme causador da doença na
América Latina e na África. A proteína-base da vacina, isolada e
caracterizada no Laboratório de Esquistossomose Experimental do IOC, na década de 90, foi escolhida pela Organização Mundial da
Saúde (OMS) como um dos seis antígenos mais
promissores no combate à doença. Destes seis antígenos, apenas dois
(um deles é a Sm14) seguem o caminho difícil que leva da bancada do laboratório
ao produto.
A proteína foi construída como proteína recombinante e escalonada (teve sua
capacidade de produção em volume industrial comprovada), chegando-se à produção
do chamado lote semente da vacina para testes
clínicos, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
O projeto, que acaba de ter finalizada a etapa de testes clínicos de fase 1,
em voluntários humanos, obteve resultados que garantem que a vacina é segura para uso
humano e que é imunogênica, sendo capaz de produzir proteção para a doença. O
Teste Clínico Fase 1 em humanos teve início em maio de 2011, logo após a
aprovação do protocolo clínico de pesquisa pela Anvisa e foi conduzido pela
equipe do Instituto de Pesquisa Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz).
Agora, com a vacina humana
comprovadamente segura, o objetivo maior tanto do Instituto Oswaldo Cruz quanto
da Ourofino é transformar a vacina humana em vacina humanitária,
garantindo seu acesso às populações de áreas endêmicas em todo o mundo,
majoritariamente pobres.
Até mais.
Fonte: Fiocruz
Leia o texto completo em: Vacina brasileira para
esquistossomose, inédita
no mundo, é aprovada na fase 1 de testes clínicos
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