Pesquisa com Células-Tronco: Pâncreas de Pacientes Pode Voltar a Funcionar após Transplante
Um estudo brasileiro pioneiro, publicado no mês passado no prestigiado Journal of the American Medical Association (Jama), traz um resultado surpreendente: o pâncreas da maioria dos voluntários da pesquisa, todos com diabetes tipo 1, está voltando a funcionar depois que foram submetidos a um transplante de células-tronco, retiradas do próprio organismo.
Dos 23 pacientes que participaram da pesquisa, coordenada por médicos da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto, a maioria deixou de recorrer à insulina em algum momento, com bom controle da glicemia. De acordo com o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, um dos autores do estudo, há pacientes livres da insulina há mais de três anos, sem que apresentem picos de hipoglicemia.
Taxas de Peptídeo-C Aumentam
Vinte dos voluntários registraram uma elevação dos níveis do peptídeo-C, substância que é um dos resíduos da produção do hormônio pelas células beta do pâncreas. Quanto mais elevadas as taxas do peptídeo-C, maior a produção de insulina. De acordo com os médicos, o estudo mostra que o pâncreas está voltando a funcionar, mas ainda é prematuro anunciar a cura do diabetes.
No total, 12 ficaram livres do hormônio sintético de maneira continuada enquanto oito dos voluntários ainda tiveram que recorrer ocasionalmente à insulina, mas em doses muito baixas. Embora esses pacientes não tenham produzido todo o hormônio necessário para o perfeito funcionamento do organismo, suas taxas do peptídeo-C também aumentaram. O que é um sinal de que esses pacientes terão uma melhor evolução da doença, avalia outro autor da pesquisa, o imunologista Júlio Voltarelli.
Embora a terapia com células-tronco, segundo os médicos, seja uma alternativa para combater a falha imunológica do diabetes tipo 1, ela não recupera as áreas destruídas da glândula. Por isso, é necessário que o procedimento seja feito em pessoas recém-diagnosticadas.
Novas Pesquisas
Os pesquisadores buscam novos voluntários. O novo alvo deles é testar formas menos agressivas e mais baratas para corrigir falhas no sistema imunológico. Eles pretendem evitar o uso da quimioterapia, a partir da utilização das chamadas células-tronco mesenquimais, que são encontradas no organismo do próprio paciente. Os interessados em participar do estudo devem ter entre 12 e 35 anos e menos de seis semanas de diagnóstico de diabetes tipo 1. Os candidatos podem escrever para ce.couri@yahoo.com.br
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