É hora de dizer adeus ao IMC (índice de massa corporal). A proposta é de pesquisadores britânicos, que apresentam hoje em Lyon, na França, uma revisão de estudos mostrando que a proporção entre a cintura e a altura prevê melhor o risco cardíaco e de diabetes do que a velha escala do IMC.
O índice de massa corporal é calculado dividindo o peso em quilos pela altura, em metros, ao quadrado. A conta sugerida pela pesquisa da médica Margaret Ashwell, da Universidade Oxford Brookes, é ainda mais fácil: a circunferência da cintura deve ser, no máximo, a metade da altura. Se uma pessoa tiver 1,60 m de altura, sua cintura deve ter até 80 cm. Mais do que isso é sinal de risco.
GORDURA ABDOMINAL
Medir a cintura para ver risco cardíaco não é uma ideia nova. Mas, segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, os padrões usados hoje (102 cm para homens e 88 cm para mulheres como limite máximo) não levam em conta a altura. "Claro que uma pessoa de 1,90 m com cintura de 94 cm não tem o mesmo risco de uma com 1,50 m e a mesma circunferência."
O que faltava era a comprovação de que uma cintura medindo 50% da altura é um indicador fiel da maior probabilidade de ter problemas cardíacos e metabólicos.
A revisão de estudos feita pelos britânicos analisou 31 trabalhos, envolvendo um total de 300 mil pessoas.
A pesquisa também levou em conta diferentes etnias para encontrar a proporção máxima da cintura.
Isso é importante porque um dos pontos fracos do IMC é que ele tem significados diferentes para cada etnia. De acordo com Halpern, indianos e japoneses já apresentam risco de diabetes com valores de IMC considerados normais (entre 20 e 25).
O IMC também não discrimina entre massa muscular e gordura na hora da conta. Por isso é que a cintura começou a ganhar importância.
De acordo com o médico da USP, o risco para a saúde é maior quando a pessoa tem mais gordura entre as vísceras. Essa gordura é mais perigosa do que a localizada logo abaixo da pele. A medida da circunferência não diferencia entre as duas.
"Por isso também essa medida pode ser falha. Mas, quanto maior é a circunferência, mais gordura há dentro e fora das vísceras. Com a altura, a precisão aumenta."
Segundo a autora do estudo, a proporção entre altura e cintura, além de servir para pessoas com qualquer ascendência, também vale para crianças -- a
versão infantil do índice de massa corporal tem uma escala que varia de acordo com a idade.
De acordo com Ashwell, a nova medida já está ganhando apoio em países como EUA, Austrália, Japão, Índia, Irã e também no Brasil.
Pesquisadores da City University de Londres estimaram que um não fumante de 30 anos reduz sua expectativa de vida em até 33% se a medida de sua cintura corresponder a 80% de sua altura.
"Manter a circunferência da cintura no ponto certo aumenta a expectativa de vida para todas as pessoas do mundo", disse Ashwell.
Halpern lembra, no entanto, que, como todo estudo epidemiológico, esse também vai se deparar com casos que fogem à regra.
Até mais.
Fonte: Folha de São Paulo.(12/5/12)
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